Muitas vezes você não imagina, mas aquele curso d’água poluído da sua cidade pode ser o lar de algumas espécies resistentes de peixes
Você leu “Peixe Urbano” e logo pensou: é sobre aquele site de compras coletivas? Não, não é sobre isso. Mas é literalmente sobre o sentido da palavra. Você sabia que esse córrego ai perto da sua casa, em Porto Alegre, São Paulo ou Belo Horizonte, pode ter espécies de peixes vivendo, se alimentando e até mesmo se reproduzindo nele? Pois é isso mesmo. Há inúmeras espécies que vivem em córregos e rios das grandes cidades e muitas vezes passamos com nossos carros por perto e sequer imaginamos que isso possa ser possível.
Porque há peixes em alguns córregos e rios poluídos das cidades?
Você pode pensar que esses peixes estão ali por que foram inseridos, ou porque sempre foi seu habitat natural, entretanto nem sempre é isso que acontece. Como na maioria das cidades, os córregos menores podem ser interligados aos rios maiores, e é dai que podem vir os peixes. Até pode ser que alguns córregos foram no passado, riachos despoluídos e cheios de peixes, mas se tratando de uma grande cidade, dificilmente há cursos d’água limpos a ponto de ainda possuírem espécies nativas.
Em Porto Alegre, por exemplo, o famoso Arroio Dilúvio, é um grande curso de água que corta a cidade em uma das maiores avenidas da cidade. Ele já foi um riacho utilizado até mesmo para banho, no passado, mas como possui ligação com o Guaíba, algumas espécies mais resistentes acabam entrando no dilúvio e vivendo ali.
Mas afinal, quais espécies de “peixe urbano” podem estar vivendo nos rios e córregos da minha cidade?
Há muitas variações de espécies de acordo com a região, entretanto algumas são bem comuns na maioria das cidades. Confira abaixo:
1. Cascudo
O Cascudo é um dos peixes mais comuns de se encontrar em riachos, córregos e rios urbanos, por sua imensa capacidade de viver em águas mais poluídas, lamacentas e com baixa oxigenação. Esse peixe se alimenta no fundo lamacento desses córregos, e mesmo quando há períodos de baixíssimo nível da água, ele se mantém ali, firme e forte. Já foram registrados casos de captura desse peixe em diversos locais dentro de cidades.
2. Tilápia
Não é novidade que a Tilápia é um peixe muito resistente à condições diferentes de clima e ecossistema, mas saiba que esse peixe africano popular na piscicultura brasileira também é muito resistente às águas urbanas, lamacentas e poluídas. Algumas espécies de Tilápia, como a Tilápia Azul por exemplo, podem suportar até mesmo as águas com alta salinidade, ou seja, de rios que tem ligação com o mar.
Em 2020, um cardume de Tilápias foi visto se reproduzindo no Arroio Dilúvio em Porto Alegre. O Arroio é extremamente poluído e o fato desses peixes estarem ali, com ninhos, mostra a sua capacidade de adaptação em condições extremas de poluição e baixa oxigenação da água. A matéria é do GaúchaZH: confira!
3. Bagre Africano
Como já diz o nome, esse peixe não é nativo das águas brasileiras, sua origem é africana, e a espécie foi inserida no Brasil. No Rio Tietê, em São paulo, um dos mais poluídos, senão o rio mais poluído do país abriga essa espécie que vive em meio aos resíduos de esgoto, produtos químicos e baixa oxigenação da água.
Para esse peixe, a explicação mais aceitável está relacionada com a sua respiração feita por uma espécie de pulmão, que faz com que esse peixe suba na superfície de tempos em tempos para respirar. Veja abaixo um vídeo que mostra esse caso inesperado de vida no Tietê. O vídeo ainda mostra outros peixes que vivem no Rio Tietê.
4. Tainha
A Tainha é mais uma espécie de peixe que pode ser encontrada em rios e córregos poluídos e ser chamada de um “peixe urbano”, principalmente em cidades litorâneas, entretanto, elas já foram vistas em Porto Alegre, também no Arroio Dilúvio. Mas você deve estar pensando: como assim, Porto Alegre não é litorânea, como isso é possível?
A resposta é simples: a capital gaúcha é banhada pelo Lago Guaíba ou Rio Guaíba como ele também é chamado. O Guaíba é ligado diretamente à Laguna dos Patos, que por sua vez, possui ligação com o mar lá no sul do RS, nas cidades de Rio Grande e São José do Norte. Pois é por lá que os cardumes de Tainhas entram na lagoa e vem até a capital.
A Tainha se alimenta de nutrientes presentes na água, e provavelmente o lodo orgânico do Dilúvio é o que atraiu esses peixes para dentro da cidade. Veja o vídeo das Tainhas no Dilúvio abaixo.
Considerações finais
Viu como tem muito “Peixe urbano” vivendo em córregos e rios por aí? Imagine se os nossos governantes praticasse políticas sustentáveis e esses locais fossem despoluídos? Muitas outras espécies poderiam viver livremente e tornar esses cursos d’água verdadeiros estuários naturais. Quem sabe um dia não é mesmo?
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