Pescadores, caçadores e trabalhadores do campo tem o maior respeito por essas 7 cobras letais
Sabia que existem mais de 3000 tipos de cobras no planeta e que pelo menos 392 delas podem ser encontradas aqui no Brasil? Dessas, cerca de 63 cobras brasileiras são consideradas peçonhentas. Um número ainda menor de cobras venenosas são tão venenosas que você pode nem acreditar. É sobre elas que vamos tratar nesse artigo.
As cobras venenosas brasileiras são perigosas a ponto de deixar sempre em alerta os pescadores, caçadores, trabalhadores e os residentes do campo. E não é para menos, já que a picada de uma dessas cobras venenosas pode ser fatal se o soro não for aplicado a tempo.
Estas são as 7 cobras mais venenosas do Brasil
1. Coral Verdadeira (Micrurus altirostris)
Tipicamente da América do Sul (Reptile database). Ocorrendo no RS, Paraguai, Uruguai e Argentina. Muito comum no estado do Rio Grande do Sul. Tem porte mediano, com corpo bastante delgado e cauda curta. Alimenta-se de cobras-cegas, outras serpentes e lagartos. Coloca de um a sete ovos por vez. Algumas cobras não peçonhentas mimetizam essa espécie, é o caso da coral-falsa, e a aparência de ambas são praticamente indistinguíveis, por isso é importante o reconhecimento das espécies através de um especialista.
Fonte: Fauna Digital / UFRGS
2. Cascavel (Crotalus durissus terrificus)
Predominante nas regiões Sul e Sudeste. Vive em campos, matas da região sul e áreas da mata Atlântica. São terrestres e noturnas. Conhecidas como cascavéis, são robustas e pouco ágeis. Podem ser reconhecidas por apresentarem um guizo ou chocalho na extremidade da cauda. O corpo possui fundo castanho-claro e uma fileira de manchas dorsais losangulares marrons e marginadas de branco ou amarelo. Segundo estudos, o veneno dessa serpente apresenta ação anti-inflamatória prolongada e os sintomas de envenenamento observados nas primeiras horas são: mal-estar, sudorese, vômitos, sonolência ou inquietação.
Fonte: Fauna Digital / UFRGS
3. Jararaca de Alcatrazes (Bothrops alcatraz)
Bothrops alcatraz é endêmica do Brasil, da Ilha dos Alcatrazes, próxima à costa do município de São Sebastião, litoral norte do estado de São Paulo, região sudeste do país. Sua extensão de ocorrência é de 1,72 km2 que equivale à área da ilha excluindo-se a porção do Oratório (B1), e, certamente, sua área de ocupação é ainda menor, pois a espécie só ocorre na área florestada (B2). A ilha foi considerada uma localização (a), cuja principal ameaça à espécie são incêndios que causam a perda de hábitat (destruição das florestas) e dão abertura para o avanço da vegetação exótica invasora, causando também declínio continuado da área e da qualidade do hábitat.
Seu veneno é dez vezes mais forte do que o de outras jararacas, causando paralisação nervosa (dos receptores neuronais colinérgicos) e toxicidade ao músculo. Mesmo assim, aplicações medicinais da toxina têm sido estudadas.
Fontes: ICMBIO e Blog Ciência à Bessa / UNICAMP
4. Surucucu Pico de Jaca (Lachesis muta)
A serpente Lachesis muta foi descrita em 1766 por Linnaeus, que originalmente a denonimou Crotalus mutus (Cascavel silenciosa). O nome “muta” de origem latina significa “muda”, referindo-se ao fato de essa espécie parecer com a Cascavel, mas sem ter um guizo ou chocalho na ponta da cauda. No Acre, essa espécie de cobra é eventualmente chamada de Cascavel por alguns moradores da floresta, devido o comportamento dela vibrar a cauda que no chão da floresta pode fazer um ruído que eles atribuem ao som de um chocalho.
As protuberâncias cônicas de suas escamas lembram uma casca de jaca, de onde provém o nome popular “Pico-de-jaca” ou “Bico-de-jaca”. Apesar de que muitos publicam e ensinam como Surucucu o nome popular de Lachesis muta, o nome Pico-de-jaca é o mais utilizado na Amazônia. Na Bahia essa cobra é também conhecida como Pico-de-jaca, Surucucu-pico-de-jaca, Surucucu-cospe-fogo e Surucucu-apaga-fogo. Em algumas regiões da Amazônia (em especial Acre e Amazonas) o nome “Surucucu” é utilizado para designar a serpente Bothrops atrox, que também é conhecida como Jararaca.
Pode ultrapassar três metros de comprimento. É a maior cobra peçonhenta das Américas. É noturna e alimenta-se de roedores (ratos, cotias e esquilos) e marsupiais.
O veneno apresenta ação proteolítica (atividade inflamatória aguda), hemorrágica, coagulante e neurotóxica.
A sintomatologia na vítima devido a ação proteolítica, hemorrágica e coagulante do veneno é semelhante ao acidente botrópico (causado pelas jararacas) com dor, edema e equimose (que pode progredir para todo membro acometido), formação de bolhas, gengivorragia e hematúria. Difere do acidente botrópico devido ao quadro neurotóxico: bradicardia, hipotensão arterial, sudorese, vômitos, náuseas, cólicas abdominais e distúrbios digestivos (diarreia). A vítima poderá falecer por insuficiência renal aguda.
Fonte: Herpetofauna
5. Jararaca Ilhoa (Bothrops insularis)
A Jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) é uma espécie de serpente encontrada somente na Ilha da Queimada Grande (43 hectares) no litoral sul do Estado de São Paulo. Esta espécie endêmica e ameaçada de extinção foi descrita em 1922 por Afrânio do Amaral (1894 – 1982), que foi pesquisador no Instituto Butantan e também Diretor desta Instituição de 1919 a 1921 e de 1928 a 1938.
O tamanho da jararaca-ilhoa é de cerca de 70 cm, com o máximo registrado de 1,09 m (fêmea) e de 91,2 cm (macho) (Guimarães et al. 2010). É estimado que ocorram na área de floresta (30 ha) da ilha em torno de 1.500 a 2.000 serpentes (50 a 70 serpentes por hectare) (MARTINS & MARQUES 2008; Martins et al. 2008). A serpente ocorre principalmente na área de Mata Atlântica da ilha da Queimada Grande, sendo também encontrada eventualmente nas áreas cobertas por capim (MARTINS & MARQUES 2008). Podem estar ativas tanto de dia quando à noite, caçando no chão ou sobre a vegetação.
Os adultos da Jararaca-ilhoa alimentam-se principalmente de pássaros migratórios, enquanto os juvenis predam centopeias, anfíbios e lagartos (Duarte et al. 1995; MARTINS & MARQUES 2008; Marques et al. 2012).
Como as demais Bothrops, a Jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) apresenta dentição solenóglifa, com veneno de ação proteolítica, coagulante e hemorrágica (Acidente botrópico). O veneno da jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) é diferenciado das demais do continente e especializado para predar pássaros (Zelanis et al. 2008), sendo muito mais tóxico para esses animais que o veneno da jararaca do continente (B. jararaca) (Amaral 1921; Zelanis et al. 2008). Como a ilha da Queimada Grande não é habitada, portanto o risco de acidente ofídico com essa serpente seria mínimo.
Fonte: Herpetofauna
6. Jararaca Cruzeira (Bothrops alternatus)
A Cruzeira é uma cobra terrícola, ocupando geralmente áreas abertas e úmidas. Possui distribuição no Centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Podem ser diurnas ou noturnas.
Conhecida popularmente como cruzeira ou urutu, é uma serpente peçonhenta, possui porte grande e de cauda curta. A dieta é composta de pequenos mamíferos, são vivíparas, quando ameaçadas acabam se enrolando, vibram a cauda e dão o bote. A peçonha pode causar acidentes fatais ou mutiladores se não forem tratados corretamente com o soro antibotrópico.
Fonte: Fauna Digital UFRGS
7. Jararacuçu (Bothrops jararacussu)
Ocorrem desde o sul da Bahia até o noroeste do Rio Grande do Sul. Habita a Floresta de Mata Atlântica e floresta semi-decídua. São terrícolas e ativas principalmente à noite, mas podem também ser encontrados indivíduos juvenis durante o dia.
É uma serpente peçonhenta de grande porte (podem medir até 2,2 metros) e de tamanha importância médica, possui porte avantajado, corpo e cabeça robustos. Alimentam-se, basicamente, de anfíbios e roedores e a coloração das espécies tem diferenciação conforme idade e sexo, sendo as fêmeas adultas portadoras de manchas pretas com fundo amarelo e, nos machos adultos, as manchas são menos conspícuas em um fundo castanho e/ou acinzentado. Esta diferença na coloração é chamada de dicromatismo sexual, os filhotes machos possuem dorso escuro com manchas amareladas à marrons, e as fêmeas são amareladas á bege-rosado.
Um fato curioso é que as presas dessa espécie podem medir até 2,5cm de comprimento, sendo assim, a maior produtora e inoculadora de peçonha, ocasionando acidentes muito graves.
Fonte: Fauna Digital UFRGS
O que posso fazer em caso de acidente com cobras venenosas?
Após um acidente ofídico, o paciente deve ser tranquilizado e removido para o hospital ou centro de saúde mais próximo. O local da picada deve ser lavado com água e sabão. Na medida do possível, deve-se evitar que a pessoa ande ou corra, ela deve ficar deitada com o membro picado elevado. Não se deve fazer o uso de torniquetes (garrotes), incisões ou passar substâncias (folhas, pó de café, couro da cobra etc.) no local da picada. Essas medidas interferem negativamente, aumentando a chance de complicações como infecções, necrose e amputação de um membro.
O único tratamento eficaz para o envenenamento por serpente é o tratamento com o soro antiofídico, que é específico para cada tipo (gênero) de serpente. Quanto antes for iniciada a terapia com soro, menor será a chance de haver complicações.
As escolhas do soro e sua dosagem dependem do diagnóstico médico, que deve levar em consideração as peculiaridades de cada tipo de acidente.
Antes de administrar o soro, o profissional de saúde deve avaliar se há manifestações clínicas que indiquem que o indivíduo foi picado por uma serpente peçonhenta. Há muito mais serpentes não-peçonhentas na natureza e, para essas, não há necessidade de tratamento com soro. Deste modo, a soroterapia sempre deve ser indicada por um médico e a aplicação deve ser feita de acordo com a gravidade do envenenamento.
Sua administração é por via intravenosa (por meio das veias) e não deve ser feita fora do ambiente hospitalar, pois pode provocar reações alérgicas graves com necessidade de tratamento imediato.
Fonte: Instituto Butantan
Considerações finais
Acidentes com cobras venenosas são comuns, mas podem ser evitados. Para tanto, alguns cuidados precisam ser tomados. Para evitar acidentes com cobras, usar calçados fechados, de preferência de cano alto, ao andar ou trabalhar no mato. Usar luvas grossas para manipular folhas secas, lixo, lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em buracos e tomar cuidado ao revirar cupinzeiros. Evitar acúmulo de lixo e entulho.
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