Conheça as diversas maneiras de classificar os peixes e descubra como isso impacta o meio ambiente, a pesca esportiva e o consumo sustentável
Os mais variados tipos de peixes em nosso país mostram que a diversidade no Brasil é extraordinária, resultado de uma geografia aquática riquíssima composta por rios, lagos, represas, manguezais e uma extensa faixa costeira.
Para quem estuda, pratica a pesca esportiva, trabalha com piscicultura ou simplesmente aprecia o tema, entender as classificações dos peixes é essencial. Existem diferentes formas de categorizar os peixes, seja pelo ambiente em que vivem, por sua origem, seu comportamento alimentar, valor comercial, porte, estrutura óssea ou até seu papel ecológico.
Cada classificação oferece uma perspectiva valiosa para compreender os impactos da pesca, as ameaças ambientais e as oportunidades sustentáveis. Neste artigo, vamos explorar as principais formas de classificar os peixes, com exemplos práticos e dados que ajudam tanto profissionais quanto leigos a mergulhar de cabeça neste universo fascinante.
Classificação taxonômica
A taxonomia organiza os peixes com base em sua estrutura biológica. Dois grandes grupos dominam:
- Actinopterygii (peixes ósseos com nadadeiras raiadas):
- Tucunaré (Cichla ocellaris)
- Pacu (Piaractus mesopotamicus)
- Sardinha (Sardinella brasiliensis)
- Dourado (Salminus brasiliensis)
- Chondrichthyes (peixes cartilaginosos):
- Tubarão-martelo (Sphyrna lewini)
- Raia-jamanta (Mobula birostris)
- Cação-anjo (Squatina guggenheim)
- Arraia-pintada (Potamotrygon motoro)
Classificação segundo a origem
Essa classificação se baseia na presença natural ou introduzida das espécies em um ecossistema:
- Nativos:
- Pirarucu (Arapaima gigas)
- Jaú (Zungaro jahu)
- Curimatã (Prochilodus lineatus)
- Lambari-comum (Astyanax bimaculatus)
- Endêmicos (exclusivos de determinada região):
- Lambari-do-rabo-vermelho (Astyanax fasciatus)
- Cascudo-preto (Hypostomus commersoni)
- Piava (Leporinus obtusidens)
- Acará-bandeira (Pterophyllum scalare)
- Introduzidos (exóticos):
- Tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus)
- Tambacu (híbrido de tambaqui e pacu)
- Carpa-capim (Ctenopharyngodon idella)
- Carpa-colorida (Cyprinus carpio)
- Invasores (com alto impacto ambiental):
- Tucunaré (fora de sua bacia original)
- Bagre-africano (Clarias gariepinus)
- Peixe-leão (Pterois volitans)
- Black bass (Micropterus salmoides)
Classificação segundo o ambiente aquático
Considera o tipo de água predominante em que a espécie vive:
- Água doce:
- Traíra (Hoplias malabaricus)
- Tambaqui (Colossoma macropomum)
- Curimbatá (Prochilodus spp.)
- Jundiá (Rhamdia quelen)
- Água salgada:
- Cavala (Scomberomorus cavalla)
- Anchova (Pomatomus saltatrix)
- Badejo (Mycteroperca bonaci)
- Pargo (Lutjanus purpureus)
- Água salobra:
- Robalo (Centropomus undecimalis)
- Tainha (Mugil liza)
- Carapeba (Eucinostomus argenteus)
- Peixe-galo (Selene vomer)
Classificação segundo o hábito alimentar
Relacionada à dieta e posição na cadeia trófica:
- Herbívoros:
- Pacu
- Curimatã
- Cascudo
- Cará (Geophagus brasiliensis)
- Carnívoros:
- Dourado
- Traíra
- Tucunaré
- Robalo
- Onívoros:
- Tilápia
- Tambaqui
- Surubim (Pseudoplatystoma spp.)
- Bagre
- Detritívoros:
- Curimbatá
- Acará-bandeira
- Lambari
- Peixe-cascudo
Classificação segundo comportamento ecológico
Define como os peixes se relacionam com o ecossistema:
- Predadores:
- Tucunaré
- Traíra
- Dourado
- Surubim
- Planktívoros:
- Lambari
- Acará-disco (Symphysodon aequifasciatus)
- Sardinha
- Pirapitinga (Piaractus brachypomus)
- Parasitas:
- Candiru (Vandellia cirrhosa)
- Lampreia-do-mar (Petromyzon marinus)
-
Classificação segundo comportamento migratório
Define a movimentação dos peixes entre habitats para reprodução e alimentação:
- Potamódromos (rios e lagos):
- Dourado
- Curimba
- Piava
- Pacu
- Oceânodromos (migração em mar aberto):
- Atum (Thunnus spp.)
- Peixe-espada (Trichiurus lepturus)
- Cavala
- Bonito-listrado (Katsuwonus pelamis)
- Anádromos (nascem em água doce, vivem no mar):
- Esturjão
- Truta-marinha
- Salmão (exótico)
- Lampreia-do-mar
- Catádromos (nascem no mar, vivem em água doce):
- Enguia-europeia (Anguilla anguilla)
- Enguia-americana (Anguilla rostrata)
- Enguia-japonesa (Anguilla japonica)
- Espécies do sudeste asiático
Classificação econômica
Avalia o uso comercial, esportivo e alimentar das espécies:
- Alto valor comercial:
- Pirarucu
- Robalo
- Garoupa
- Surubim
- Piscicultura e aquicultura:
- Tilápia
- Tambaqui
- Jundiá
- Pintado
- Pesca esportiva:
- Tucunaré
- Dourado
- Robalo
- Black bass
- Consumo popular:
- Sardinha
- Corvina
- Bagre
- Mandi
Classificação segundo o status de conservação
Define o nível de risco das espécies com base em critérios ambientais:
- Pouco preocupantes (LC):
- Tucunaré
- Tilápia
- Jundiá
- Pacu
- Quase ameaçadas (NT):
- Tambaqui
- Jaú
- Robalo
- Acará-bandeira
- Vulneráveis (VU):
- Surubim
- Dourado
- Curimatã
- Pirapitinga
- Em perigo (EN):
- Pirarucu (em certas regiões)
- Garoupa
- Arraia-de-fogo (Potamotrygon henlei)
- Bagre-armado (Pterodoras granulosus)
Classificação segundo o tipo de tecido ósseo
Caracteriza os peixes pela estrutura de seu esqueleto:
- Peixes ósseos:
- Tambaqui
- Robalo
- Sardinha
- Tucunaré
- Peixes cartilaginosos:
- Tubarão
- Raia
- Cação
- Peixe-serra (Pristis pristis)
Classificação por porte e crescimento
Considera o tamanho das espécies, importante para pesca e cultivo:
- Pequeno porte:
- Lambari
- Piaba
- Acará
- Peixe-palhaço (Amphiprion ocellaris)
- Médio porte:
- Tilápia
- Jundiá
- Tambaqui
- Traíra
- Grande porte:
- Pirarucu
- Dourado
- Garoupa
- Surubim
Conclusão
Classificar os tipos de peixes de maneira precisa é essencial para a gestão pesqueira, a conservação ambiental e até para o desenvolvimento sustentável da aquicultura. Compreender essas diferentes formas de categorização nos permite enxergar a complexidade dos ecossistemas aquáticos e tomar decisões mais conscientes, seja na pesca esportiva, na criação comercial ou na preservação de espécies ameaçadas.
O Brasil, com sua biodiversidade aquática única, precisa valorizar esse conhecimento, promovendo políticas ambientais que protejam tanto as espécies quanto os modos de vida que delas dependem. Em um mundo cada vez mais pressionado por mudanças climáticas e degradação ambiental, entender os tipos de peixes e suas classificações é um passo vital para garantir o equilíbrio dos nossos rios e mares.
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