Descubra tudo sobre os principais peixes redondos da América do Sul e sua importância na pesca
O Brasil é um verdadeiro santuário de biodiversidade aquática, e entre os peixes mais emblemáticos das águas continentais estão os peixes redondos. Com corpo ovalado, musculatura robusta e uma impressionante capacidade de adaptação, esses peixes desempenham papel de destaque na pesca comercial e esportiva, além de serem protagonistas da aquicultura nacional.
Neste artigo, você conhecerá em profundidade as espécies mais populares de peixes redondos, os híbridos desenvolvidos em cativeiro, outras espécies menos conhecidas, bem como aquelas consideradas perigosas. Cada uma será analisada em detalhe, com informações sobre morfologia, habitat, reprodução, alimentação, importância comercial e esportiva, e status de conservação.
Os mais populares:
Pacu – Piaractus mesopotamicus
O Pacu é um peixe nativo da Bacia do Prata e uma das espécies mais amplamente cultivadas no Brasil. É apreciado por sua carne saborosa e pela força com que resiste à fisgada, o que o torna muito popular nos pesqueiros esportivos. Possui excelente desempenho em sistemas de produção e adapta-se bem à alimentação com ração.
Sua importância econômica é notável, especialmente no Centro-Oeste e Sudeste. Com sua aparência imponente e comportamento combativo, figura como um dos peixes mais desejados pelos pescadores amadores e profissionais.
Características:
- Características morfológicas: Corpo ovalado, escamas grandes, nadadeiras alaranjadas
- Habitat: Rios com vegetação e correnteza moderada
- Onde ocorre: Bacia do Prata (Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina)
- Alimentação: Frutas, sementes, folhas e pequenos invertebrados
- Reprodução: Desova total durante cheias
- Pesca comercial: Muito valorizado e amplamente cultivado
- Pesca esportiva: Bastante procurado em pesque-pagues
- Risco de extinção: Não
Tambaqui – Colossoma macropomum
O Tambaqui é o maior peixe redondo da América do Sul, com exemplares ultrapassando os 30 kg. Natural da Bacia Amazônica, alimenta-se de frutas e sementes, auxiliando na regeneração das florestas alagadas. Na pesca esportiva, é um verdadeiro desafio, graças à sua força bruta e resistência.
É um dos pilares da aquicultura brasileira e base genética para diversos híbridos. Apesar de sua ampla criação, algumas populações selvagens estão ameaçadas devido à pesca predatória e degradação do habitat.
Características:
- Características morfológicas: Corpo robusto, escuro, com escamas grandes e mandíbula forte
- Habitat: Florestas inundáveis e várzeas amazônicas
- Onde ocorre: Bacia Amazônica (Brasil, Peru, Venezuela)
- Alimentação: Frutas, sementes e matéria vegetal
- Reprodução: Migratória, ocorre durante a enchente dos rios
- Pesca comercial: Muito cultivado, carne de alta aceitação
- Pesca esportiva: Um dos mais combativos
- Risco de extinção: Sim, em populações selvagens
Pirapitinga – Piaractus brachypomus
A Pirapitinga é uma espécie amazônica que, embora menos imponente que o Tambaqui, possui alto valor zootécnico. É facilmente confundida com seu “primo maior”, mas diferencia-se por ser mais clara e menor. Sua criação em cativeiro é eficiente, e a carne tem excelente sabor.
Na pesca esportiva, é um alvo mais tranquilo, ideal para iniciantes. Em cativeiro, apresenta crescimento rápido e adaptação a diversas condições ambientais.
Características:
- Características morfológicas: Corpo arredondado, coloração acinzentada, nadadeiras avermelhadas
- Habitat: Rios de águas calmas, lagos e igarapés amazônicos
- Onde ocorre: Bacia Amazônica
- Alimentação: Frutas, sementes, folhas, detritos
- Reprodução: Migração reprodutiva com as cheias
- Pesca comercial: Boa aceitação, carne de qualidade
- Pesca esportiva: Moderadamente procurada
- Risco de extinção: Não
Os Híbridos:
Tambacu – Tambaqui ♀ × Pacu ♂
O Tambacu é o híbrido mais famoso e cultivado no Brasil. Combina o crescimento e rusticidade do Tambaqui com a resistência e vigor do Pacu. O resultado é um peixe de rápido desenvolvimento, musculoso e muito agressivo na linha, ideal para pesqueiros.
É amplamente criado em tanques escavados e tanques-rede, adaptando-se bem a diversas regiões climáticas do Brasil.
Características:
- Características morfológicas: Corpo volumoso, coloração entre cinza e escura
- Habitat: Viveiros e tanques artificiais
- Onde ocorre: Presente em todo o Brasil (cultivo)
- Alimentação: Ração, vegetais, frutas
- Reprodução: Apenas em cativeiro, com indução hormonal
- Pesca comercial: Excelente desempenho e aceitação
- Pesca esportiva: Muito valorizado nos pesque-pagues
- Risco de extinção: Não (híbrido artificial)
Tambatinga – Tambaqui ♀ × Pirapitinga ♂
Este híbrido foi desenvolvido para regiões onde a criação intensiva exige tolerância a variações ambientais. Possui coloração clara, crescimento rápido e carne de boa qualidade. Sua criação tem aumentado nos últimos anos devido à sua rusticidade e ao bom desempenho alimentar.
Tem potencial na pesca esportiva, embora ainda esteja ganhando reconhecimento.
Características:
- Características morfológicas: Corpo arredondado, cor cinza-prateada
- Habitat: Viveiros escavados e sistemas intensivos
- Onde ocorre: Cultivo no Norte, Sudeste e Nordeste
- Alimentação: Onívora com preferência vegetal
- Reprodução: Exclusiva por indução hormonal
- Pesca comercial: Elevado desempenho zootécnico
- Pesca esportiva: Potencial crescente
- Risco de extinção: Não
Patinga – Pacu ♀ × Pirapitinga ♂
A Patinga é um híbrido produtivo, vigoroso e de comportamento ativo. Possui carne firme, crescimento satisfatório e é muito usada na piscicultura familiar. Também vem ganhando espaço entre os praticantes da pesca esportiva.
Adapta-se a diferentes tipos de sistema, inclusive viveiros com baixa oxigenação.
Características:
- Características morfológicas: Corpo compacto, cor cinza-claro
- Habitat: Viveiros, tanques escavados, tanques-rede
- Onde ocorre: Produção em regiões Sudeste e Centro-Oeste
- Alimentação: Onívoro, com bom aproveitamento de ração
- Reprodução: Indução hormonal controlada
- Pesca comercial: Rentável e versátil
- Pesca esportiva: Muito apreciada em pesqueiros
- Risco de extinção: Não
Outros peixes redondos:
Pacu CD – Metynnis maculatus
Popular no aquarismo, o Pacu CD é pequeno, pacífico e possui formato semelhante a um disco, o que lhe confere o nome. Sua beleza e comportamento sociável fazem dele um favorito entre aquaristas iniciantes e experientes.
Não possui valor comercial para pesca, mas tem importância em programas de educação ambiental.
Características:
- Características morfológicas: Corpo discóide e prateado
- Habitat: Rios de águas calmas, áreas com vegetação
- Onde ocorre: Bacia Amazônica, Pantanal
- Alimentação: Herbívoro
- Reprodução: Em cardumes, em época de cheia
- Pesca comercial: Nenhum valor
- Pesca esportiva: Sem relevância
- Risco de extinção: Não
Pacu Sauron – Myloplus sauron
Nomeado em alusão ao personagem de “O Senhor dos Anéis”, o Pacu Sauron chama atenção por seus olhos marcantes e escamas metálicas. É uma espécie rara, endêmica de pequenas bacias amazônicas.
Pouco estudado, possui alto valor ornamental e tem despertado interesse no aquarismo especializado.
Características:
- Características morfológicas: Olhos brilhantes, escamas metálicas
- Habitat: Rios pequenos e águas pretas
- Onde ocorre: Regiões isoladas da Amazônia
- Alimentação: Herbívoro e detritívoro
- Reprodução: Natural, pouco conhecida
- Pesca comercial: Sem interesse
- Pesca esportiva: Inexistente
- Risco de extinção: Sim
Arraia amazônica – Potamotrygon tigrina
Com corpo circular e cauda longa, a arraia amazônica difere dos outros peixes redondos por ser um peixe cartilaginoso. É venenosa e vive no fundo dos rios amazônicos, onde se camufla na areia.
Apesar de não ser visada para pesca, possui valor ornamental e está vulnerável à extinção.
Características:
- Características morfológicas: Corpo achatado, com padrão rajado
- Habitat: Fundos arenosos de rios amazônicos
- Onde ocorre: Bacia Amazônica
- Alimentação: Carnívora, alimenta-se de invertebrados
- Reprodução: Vivípara (dá à luz filhotes vivos)
- Pesca comercial: Baixo interesse, exceto ornamental
- Pesca esportiva: Não é pescada
- Risco de extinção: Sim
Os perigosos:
Piranha Vermelha – Pygocentrus nattereri
Com dentes afiados e mandíbula poderosa, a Piranha Vermelha é uma espécie temida. Embora rara em ataques a humanos, sua fama persiste. Vive em cardumes e tem importante papel ecológico como limpadora natural dos rios.
É pescada ocasionalmente, mas possui mais valor simbólico do que comercial.
Características:
- Características morfológicas: Corpo oval, tons de vermelho e prata
- Habitat: Rios com pouca oferta de alimento
- Onde ocorre: Amazônia, Pantanal, Araguaia-Tocantins
- Alimentação: Carnívora
- Reprodução: Em águas calmas e quentes
- Pesca comercial: Pouco explorada
- Pesca esportiva: Valorizada por desafio
- Risco de extinção: Não
Piranha Preta – Serrasalmus rhombeus
Solitária e ainda mais agressiva que a Piranha Vermelha, a Piranha Preta é uma predadora temida. Habita águas lentas e escuras, e pode ultrapassar 50 cm. Sua mordida é extremamente forte.
É uma espécie essencial para o equilíbrio ecológico, mas perigosa em situações de escassez de alimento.
Características:
- Características morfológicas: Corpo escuro e mandíbula potente
- Habitat: Rios calmos, águas pretas e profundas
- Onde ocorre: Bacia Amazônica
- Alimentação: Carnívora
- Reprodução: Pouco documentada
- Pesca comercial: Inexplorada
- Pesca esportiva: Procurada por pescadores experientes
- Risco de extinção: Não
A pesca esportiva e comercial dos peixes redondos
Os peixes redondos são protagonistas de dois segmentos econômicos distintos e complementares: a pesca comercial e a pesca esportiva. Na primeira, espécies como Tambaqui, Pacu e híbridos como o Tambacu são cultivadas em escala industrial, abastecendo mercados e redes de alimentação. Na segunda, esses mesmos peixes tornam-se alvos de pescadores em busca de emoção e desafio, movimentando pesque-pagues, pousadas e o turismo rural.
A combinação entre rusticidade, qualidade da carne e combatividade transformou esses peixes em ícones da piscicultura e do lazer no Brasil. O investimento em manejo adequado e práticas sustentáveis é crucial para manter essa cadeia produtiva em crescimento.
Conclusão
A diversidade de peixes redondos no Brasil é um reflexo da riqueza de nossos ecossistemas. De espécies nativas como o Tambaqui e o Pacu, passando pelos híbridos como o Tambacu e Tambatinga, até os exóticos e até perigosos como as piranhas, esses peixes têm papel central na economia, cultura e conservação da biodiversidade aquática nacional.
Entender suas características é essencial para desenvolver práticas sustentáveis de pesca, criação e manejo. Com respeito ao meio ambiente e conhecimento técnico, os peixes redondos continuarão como um dos maiores tesouros vivos dos rios sul-americanos.
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