Guia definitivo sobre peixes de couro do Brasil [Com vídeos] 5/5 (1)

Compartilhe:

Conheça as principais espécies, sua importância econômica e riscos ambientais

O Brasil abriga uma das maiores biodiversidades aquáticas do planeta, sendo lar de dezenas de espécies de peixes de couro — um grupo de peixes predominantemente siluriformes, conhecidos por não possuírem escamas e apresentarem corpo revestido por pele lisa ou com placas ósseas. Espécies como Pintado, Jaú, Pirarara e Piraíba não só habitam as principais bacias hidrográficas do país, como também sustentam uma parte significativa da pesca artesanal, comercial e esportiva. Este guia completo apresenta as principais espécies de peixes de couro do Brasil, suas características, distribuição, métodos de pesca, status de conservação e muito mais.


A impressionante diversidade dos peixes de couro no Brasil

Os peixes de couro brasileiros pertencem principalmente à ordem Siluriformes, que conta com mais de 1.200 espécies registradas no país. Essa diversidade é resultado da complexidade hidrográfica nacional e da variedade de habitats — rios caudalosos, igarapés, estuários e até zonas costeiras marinhas. As bacias Amazônica, do São Francisco, Paraná, Paraguai e Tocantins-Araguaia são as que concentram o maior número de espécies.

Cada uma dessas espécies desempenha funções ecológicas distintas: algumas são predadores de topo, outras são detritívoras e participam da reciclagem da matéria orgânica. Essa variedade biológica torna os peixes de couro indicadores ambientais valiosos e peças-chave na manutenção do equilíbrio ecológico.


Interesse comercial e valor culinário

Muitos peixes de couro são amplamente consumidos em várias regiões do Brasil e têm importância gastronômica consolidada. Espécies como Pintado, Jundiá, Jaú e Mandi são valorizadas por sua carne branca, firme, sabor suave e baixo teor de espinhas. São ingredientes principais em moquecas, caldeiradas, grelhados e até pratos gourmet servidos em restaurantes especializados.

Além do mercado interno, o filé de Pintado e Jundiá também é exportado para países da América do Sul e Europa. Já o Bagre Amarelo, mais comum em áreas litorâneas, aparece frequentemente em pratos regionais do Norte e Nordeste, com destaque para a culinária paraense e baiana.


Importância econômica e social

Os peixes de couro têm papel econômico relevante, especialmente para comunidades ribeirinhas e pescadores artesanais. A pesca desses animais representa uma fonte de renda contínua e sustento alimentar. Em algumas regiões da Amazônia e do Pantanal, por exemplo, as capturas de Jaú e Pirarara movimentam feiras e comércios locais.

No setor de aquicultura, espécies como o Jundiá são criadas em larga escala devido à sua adaptabilidade, crescimento rápido e resistência a doenças. O cultivo dessa espécie tem fomentado o desenvolvimento econômico em estados do Sul e Sudeste, com incentivos governamentais e participação crescente no PIB do agronegócio.


Riscos ambientais e conservação

Apesar de sua abundância histórica, os peixes de couro enfrentam sérias ameaças. A sobrepesca, destruição de habitats, construção de hidrelétricas e poluição dos corpos d’água estão entre os principais fatores que colocam em risco diversas espécies. A migração reprodutiva de espécies como a Piraíba e o Pintado é interrompida por barragens, o que compromete sua reprodução natural.

O Pintado, por exemplo, já é classificado como “Vulnerável” na Lista Oficial de Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil, e sua pesca está proibida em muitos estados. A conservação de habitats e a criação de corredores ecológicos são medidas urgentes para mitigar esses impactos.

Programas de manejo sustentável e regulamentação da pesca são indispensáveis para garantir que espécies com interesse comercial possam ser exploradas sem exaurir os estoques naturais. A educação ambiental também desempenha papel vital para conscientizar pescadores e consumidores.


Principais espécies de água doce

Mandi (Pimelodus maculatus)

O Mandi é uma das espécies mais comuns de peixes de couro das águas doces brasileiras, amplamente distribuído nas bacias hidrográficas do Paraná, São Francisco, Amazonas e Paraguai. Seu corpo é pequeno a médio, com coloração amarelada, manchas marrons ou escuras espalhadas e três pares de barbilhões sensoriais na boca, que o ajudam a localizar alimento em águas turvas.

Esse peixe habita áreas de rios com fundo arenoso, barrentos ou com cascalho, especialmente locais de correnteza moderada e margens vegetadas. É considerado um peixe oportunista e onívoro, com dieta variada que inclui larvas de insetos, pequenos crustáceos, algas, detritos orgânicos e até matéria vegetal.

Na pesca, o Mandi é capturado com facilidade usando iscas naturais como minhocas, pequenos pedaços de peixe e até massas caseiras. É uma espécie muito acessível à pesca artesanal e de subsistência, por ser abundante e não exigir equipamentos complexos. Comercialmente, sua carne branca e saborosa tem aceitação razoável em mercados regionais, embora tenha menor valor agregado em comparação com espécies maiores. Não está na lista de espécies ameaçadas e possui grande resiliência ecológica, sendo também alvo de iniciativas de piscicultura em pequena escala.


Jundiá (Rhamdia quelen)

O Jundiá é uma espécie nativa do sul do Brasil e bastante presente nas bacias dos rios Uruguai e Jacuí, além de sistemas lagunares e represas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Seu corpo é de coloração cinza escura ou parda, alongado, com ventre claro e três pares de barbilhões táteis. Pode atingir até 60 cm de comprimento e pesar até 3 kg, embora a média capturada seja menor.

Esse peixe prefere ambientes lênticos, como lagoas, remansos de rios e áreas com vegetação submersa, onde encontra abrigo e alimento. Sua alimentação é onívora, mas tende ao comportamento piscívoro quando adulto, consumindo pequenos peixes, invertebrados aquáticos, larvas e matéria orgânica. É conhecido por sua rusticidade, o que o torna uma das espécies mais utilizadas na piscicultura brasileira, especialmente no sul do país.

Na pesca recreativa, o Jundiá é valorizado por sua força, apesar de não alcançar tamanhos impressionantes. Sua captura pode ser feita com varas simples, linhas médias e iscas como minhocas, pedaços de peixe, massas e até milho cozido. Comercialmente, possui carne branca, macia e com poucas espinhas, sendo bastante consumido em pratos regionais e até oferecido em feiras gastronômicas. Não consta em listas oficiais de risco de extinção, mas a destruição de habitats e a introdução de espécies exóticas em seus ecossistemas são ameaças que merecem atenção.


Jundiá Amazônico (Leiarius marmoratus)

O Jundiá Amazônico, também conhecido como “jundiá-marmorizado” ou “piratinga”, é uma das espécies de maior porte entre os peixes de couro da Amazônia, podendo ultrapassar 1 metro de comprimento e pesar mais de 30 kg. Sua aparência é inconfundível: corpo alongado, coloração acinzentada com manchas ou listras irregulares (marmorizadas) e nadadeiras robustas. Possui três pares de barbilhões sensoriais e boca ampla, com dentição adaptada à captura de presas vivas.

Essa espécie habita os grandes rios da bacia amazônica, especialmente em leitos profundos e em regiões de águas turvas. Sua biologia ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que realiza movimentos migratórios em busca de áreas para alimentação e reprodução, sobretudo durante o período chuvoso. O Jundiá Amazônico é um predador noturno, alimentando-se principalmente de peixes menores, crustáceos e insetos aquáticos.

Do ponto de vista pesqueiro, é valorizado por sua força e resistência, sendo alvo frequente da pesca esportiva na Amazônia. É capturado com anzóis grandes, linhas reforçadas e iscas naturais, como tuviras, pedaços de peixe e camarão. Sua carne tem textura firme e sabor marcante, muito apreciada na culinária regional. Não há registros de ameaça crítica à sua população, mas seu tamanho, comportamento reprodutivo e pressão de pesca exigem monitoramento constante por parte das autoridades ambientais.


Piraíba (Brachyplatystoma filamentosum)

A lendária Piraíba é o maior peixe de couro das Américas e um dos maiores peixes de água doce do planeta. É encontrada nas grandes bacias hidrográficas da Amazônia e do Orinoco, onde pode atingir até 3 metros de comprimento e pesar mais de 150 kg. Seu corpo é robusto, de coloração cinza-prateada, e possui longos barbilhões que ajudam na localização de presas. Tem nadadeiras caudais alongadas e forte musculatura, características que a tornam um dos troféus mais cobiçados da pesca esportiva continental.

A Piraíba é um predador voraz e piscívoro por excelência. Sua dieta inclui principalmente outros peixes, como curimatãs, aruanãs e tucunarés, além de pequenos mamíferos e aves aquáticas em ocasiões extremas. Essa espécie realiza grandes migrações — de até 4.000 km — durante o ciclo de vida, desde áreas de alimentação em águas brancas até locais de desova em afluentes de águas claras e frias.

Capturar uma Piraíba é um desafio para qualquer pescador esportivo. É necessário equipamento pesado, linhas de alta resistência e muita paciência. As batalhas com exemplares adultos podem durar horas. Por esse motivo, a espécie é protegida em várias regiões, com restrições severas quanto ao seu abate. No Mato Grosso, por exemplo, a pesca é proibida para garantir a sobrevivência populacional. Sua carne, embora apreciada em algumas regiões, é menos consumida do que a de espécies menores devido ao tamanho do animal, que dificulta o manejo e o transporte. Devido às suas características biológicas e pressões ambientais, a espécie requer atenção especial em programas de conservação.


Pirarara (Phractocephalus hemioliopterus)

A Pirarara é um dos peixes de couro mais emblemáticos da Amazônia. Sua aparência vibrante chama atenção: possui corpo robusto, dorso escuro, ventre claro e nadadeiras avermelhadas ou alaranjadas, o que lhe confere um visual inconfundível. Pode ultrapassar 1,2 metro de comprimento e pesar mais de 50 kg, embora em ambientes naturais os indivíduos adultos geralmente fiquem na faixa dos 30 a 40 kg. Ela é nativa das bacias dos rios Amazonas e Orinoco, preferindo áreas profundas com substratos rochosos ou arenosos.

Este peixe é um predador noturno e muito oportunista. Alimenta-se de peixes menores, crustáceos, moluscos e até restos orgânicos. Seu faro apurado e sensibilidade à vibração fazem dela uma caçadora eficiente, mesmo em águas escuras ou turvas. Durante o período de cheia dos rios amazônicos, pode invadir áreas de várzea em busca de alimento, retornando aos canais principais nas vazantes.

Na pesca esportiva, a Pirarara é uma das mais desejadas por seu tamanho, força e resistência. É comum a captura com equipamentos de alto porte, linhas grossas e iscas naturais como pequenos peixes, filés e tuviras. A luta com esse peixe exige técnica e paciência, sendo comum combates de mais de uma hora. Apesar de ser capturada em diversas modalidades, a prática de “pesque e solte” é fortemente recomendada para a conservação da espécie.

Sua carne, embora com certa quantidade de gordura, é saborosa e utilizada em moquecas, grelhados e ensopados na culinária nortista. Apesar de ainda abundante, a Pirarara enfrenta pressão da pesca predatória e perda de habitat por conta de usinas hidrelétricas. Até o momento, não é considerada ameaçada oficialmente, mas o monitoramento de suas populações é essencial.


Jaú (Zungaro zungaro)

O Jaú é uma das maiores espécies de peixes de couro do Brasil e figura como símbolo de imponência entre os siluriformes sul-americanos. Pode ultrapassar 1,5 metro de comprimento e pesar mais de 100 kg em ambientes naturais. Seu corpo é maciço, de coloração cinza-escuro com reflexos metálicos, cabeça larga e boca com dentes pequenos, adaptada para capturar presas em águas turvas. Habita preferencialmente rios profundos da Amazônia e da bacia do Tocantins-Araguaia, onde encontra tocas e cavernas submersas para se esconder.

É um predador solitário, principalmente noturno, que se alimenta de peixes menores, crustáceos e, em alguns casos, até aves aquáticas ou mamíferos que caem na água. Durante a temporada de reprodução, migra para regiões mais rasas e com maior oxigenação, embora seus padrões migratórios ainda estejam sendo estudados com maior profundidade.

Na pesca esportiva, o Jaú representa um desafio formidável. É capturado com equipamentos reforçados, anzóis grandes e iscas robustas como peixes inteiros ou pedaços grandes. A pesca de Jaús é tradicional no Pantanal e em algumas regiões da Amazônia, com muitos pescadores mantendo registros e troféus de grandes capturas. A luta com um Jaú pode durar horas, exigindo técnica, paciência e força.

Culinariamente, sua carne é considerada excelente, com textura firme e baixo teor de gordura, muito usada em grelhados, caldeiradas e fritadas. Embora não esteja listado como ameaçado, o Jaú sofre com a fragmentação de habitats provocada por barragens, poluição e assoreamento dos rios, o que pode impactar diretamente seus ciclos reprodutivos.


Pintado (Pseudoplatystoma corruscans)

O Pintado é um dos peixes de couro mais conhecidos do Brasil, muito valorizado tanto na pesca comercial quanto na esportiva. Seu corpo é alongado, com coloração cinza-claro ou amarelada e manchas pretas características, o que lhe deu o nome popular. Pode atingir até 1,5 metro e pesar mais de 50 kg, embora os indivíduos mais comuns tenham entre 10 e 20 kg. Habita principalmente as bacias dos rios Paraná, São Francisco, Paraguai e Uruguai.

É um peixe carnívoro e migrador, realizando longas viagens rio acima durante a piracema para se reproduzir. Alimenta-se de peixes menores, camarões, moluscos e outros organismos aquáticos. O Pintado é sensível a alterações ambientais e sua reprodução depende de condições hidrológicas específicas, como aumento da vazão e temperatura da água.

Na pesca esportiva, o Pintado é uma das espécies mais admiradas do país. Combativo e resistente, é capturado com varas de média a alta potência, iscas naturais ou artificiais (como jig heads e soft baits), sendo bastante popular em torneios de pesca. Na pesca comercial, o Pintado tem enorme importância econômica: sua carne é nobre, branca e com poucas espinhas, muito consumida em moquecas, caldeiradas, grelhados e pratos gourmet em todo o país.

Infelizmente, devido à pesca intensiva, destruição de habitats e construção de barragens que interrompem suas rotas migratórias, o Pintado foi incluído na lista oficial de espécies ameaçadas do Brasil na categoria “Vulnerável”. A pesca de exemplares selvagens está proibida em diversas regiões, e o cultivo em piscicultura vem sendo incentivado como alternativa sustentável.


Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum)

A Cachara é uma espécie próxima do Pintado, com a principal diferença visual sendo as listras verticais bem marcadas em vez das manchas arredondadas. Seu corpo é esguio, elegante e com excelente capacidade natatória. Pode alcançar até 1,3 metro e pesar mais de 25 kg. Habita os rios das bacias Amazônica, do Orinoco e Paraná, preferindo águas com corrente moderada, margens com galhadas e áreas sombreadas.

Essa espécie é predominantemente piscívora, alimentando-se de lambaris, curimatãs, camarões de água doce e até pequenos anfíbios. Sua atividade aumenta durante o amanhecer e o anoitecer. É um peixe migrador, com comportamento reprodutivo muito similar ao do Pintado, necessitando de trechos longos de rio para completar seu ciclo.

Na pesca esportiva, a Cachara é muito procurada por sua força e vigor na linha. Sua captura exige técnica refinada, especialmente em locais com estruturas submersas, onde pode se enroscar facilmente. É bastante popular em pesqueiros e em rios como o Araguaia, Tocantins e Madeira.

Na gastronomia, sua carne é considerada de excelente qualidade — firme, com poucas espinhas e sabor suave. Assim como o Pintado, está sendo cultivada em sistemas de aquicultura como forma de atender à demanda sem pressionar os estoques naturais. Apesar de não constar como ameaçada, a Cachara sofre com os mesmos riscos ecológicos: barragens, poluição, sobrepesca e introdução de espécies exóticas.


Barbado (Pinirampus pirinampu)

O Barbado é um peixe de couro de porte médio a grande, muito comum em rios da bacia Amazônica e do Prata. Seu nome popular se deve aos longos barbilhões sensoriais, que lembram uma “barba”, usados para detectar alimento no fundo dos rios. Seu corpo é fusiforme, de coloração cinza-prateada com nuances azuladas, e pode atingir 1,2 metro de comprimento e cerca de 20 kg.

Esta espécie prefere habitats de águas profundas e correntezas moderadas, onde há substrato arenoso ou lodoso. É um peixe de comportamento gregário, que forma cardumes, especialmente durante a migração reprodutiva. Alimenta-se principalmente de peixes menores, tuviras, crustáceos e larvas aquáticas, atuando como predador intermediário nas cadeias tróficas.

O Barbado é valorizado na pesca de subsistência e artesanal, sendo capturado com redes de emalhar, tarrafas ou linhas com anzol, principalmente em regiões do Mato Grosso, Tocantins, Pará e Bolívia. Na pesca esportiva, é menos popular, mas atrai atenção em rios do Centro-Oeste por seu tamanho e combatividade. Sua carne tem boa aceitação no mercado local — branca, de textura firme e ideal para frituras e caldeiradas.

Embora ainda seja abundante em algumas regiões, o Barbado tem sofrido declínios populacionais devido à sobrepesca e à construção de barragens que afetam seus movimentos migratórios. Atualmente, não consta como ameaçado, mas já integra a lista de espécies que demandam manejo preventivo para evitar colapsos regionais.


Peixes de couro de água salgada no Brasil

Bagre Branco (Genidens barbus, G. planifrons, G. genidens)

O termo “Bagre Branco” refere-se a um grupo de espécies marinhas do gênero Genidens, distribuídas em estuários, manguezais e zonas costeiras das regiões Sudeste e Sul do Brasil. Esses peixes de couro têm coloração clara, corpo alongado, cabeça achatada e barbilhões táteis. São encontrados principalmente nos estuários dos rios São Francisco, Paraíba do Sul e no litoral do Rio Grande do Sul até Santa Catarina.

Os bagres brancos vivem em ambientes com salinidade variável, transitando entre água doce e salgada. Alimentam-se de moluscos, poliquetas, pequenos crustáceos e matéria orgânica, ajudando a manter o equilíbrio ecológico dos ambientes estuarinos. Durante a reprodução, as fêmeas realizam desovas no fundo dos estuários, onde os filhotes passam os primeiros estágios de vida.

A pesca do Bagre Branco é importante para comunidades pesqueiras artesanais, mas é uma atividade cercada de conflitos. A sobrepesca e a captura de exemplares juvenis, além da poluição das águas, impactam diretamente as populações naturais. A espécie está sujeita a moratórias em alguns estados e sua pesca é regulada por cotas, períodos de defeso e tamanho mínimo de captura.

Sua carne, apesar de gordurosa, é consumida em várias regiões costeiras, seja frita, assada ou cozida. No entanto, por vezes é subvalorizada no mercado por conta do cheiro forte de seus tecidos (característico de peixes bentônicos) e pela presença de glândulas mucosas.

Atualmente, algumas populações estão em declínio acentuado, levando à sua inclusão em listas de alerta para conservação. O monitoramento contínuo é essencial para garantir sua exploração sustentável.


Bagre Amarelo (Cathorops spixii)

O Bagre Amarelo é uma das espécies mais comuns nas zonas costeiras, estuarinas e manguezais do Norte e Nordeste do Brasil. De porte pequeno a médio, seu corpo é amarelo-dourado, com cabeça pontuda e barbilhões curtos. Pode atingir até 40 cm de comprimento, sendo muito presente em pescarias comerciais e de subsistência em estados como Pará, Maranhão, Bahia e Pernambuco.

Essa espécie é extremamente adaptável a ambientes de salinidade variável e possui dieta generalista, composta por pequenos crustáceos, poliquetas, detritos orgânicos e matéria vegetal em decomposição. Vive no fundo dos estuários, onde ajuda a reciclar nutrientes e controlar populações de pequenos invertebrados.

A pesca do Bagre Amarelo é realizada principalmente com redes de espera, arrastos e espinhéis de fundo. É uma espécie de valor médio no mercado, com carne considerada saborosa, porém gordurosa. É muito consumido pelas populações ribeirinhas e costeiras, sendo base alimentar em comunidades de baixa renda. Em algumas regiões, também é utilizado como isca para a pesca de tubarões e robalos.

Apesar de sua ampla distribuição e alta tolerância ecológica, o Bagre Amarelo enfrenta riscos devido à poluição estuarina, sobrepesca e descarte irregular de juvenis capturados como “fauna acompanhante”. Embora ainda não esteja em perigo de extinção, a ausência de políticas de manejo específicas e a degradação dos manguezais ameaçam sua sustentabilidade a longo prazo.


Tabela Comparativa

EspécieHabitatPorteAmeaçadoRegiões que ocorrePesca esportiva
MandiÁgua docePequenoNãoBacias Paraná, São Francisco, AmazonasPouco
JundiáÁgua doceMédioNãoSul do Brasil (SC, RS, PR)Normal
Jundiá AmazônicoÁgua doceGrandeNãoBacia AmazônicaNormal
PiraíbaÁgua doceGrandeNãoBacia AmazônicaMuito
PirararaÁgua doceGrandeNãoBacia AmazônicaMuito
JaúÁgua doceGrandeNãoBacias Amazônica e Tocantins-AraguaiaMuito
PintadoÁgua doceGrandeSimBacias São Francisco, Paraná, Paraguai, UruguaiMuito
CacharaÁgua doceGrandeNãoAmazônia, Paraná, OrinocoMuito
BarbadoÁgua doceMédioNãoBacias Amazônica e do PrataPouco
Bagre BrancoÁgua salgadaMédioSimLitoral Sudeste e Sul (estuários costeiros)Pouco
Bagre AmareloÁgua salgadaPequenoNãoLitoral Norte e Nordeste (zonas costeiras)Pouco

Conclusão

Os peixes de couro do Brasil representam não apenas uma parte crucial da biodiversidade aquática nacional, mas também um pilar da economia pesqueira e alimentar em várias regiões. Seu valor comercial, cultural e ecológico torna essencial o equilíbrio entre exploração e conservação.

Medidas como manejo sustentável, fiscalização da pesca, preservação de habitats e educação ambiental são fundamentais para proteger essas espécies que, há séculos, alimentam e sustentam milhões de brasileiros. O conhecimento detalhado de cada espécie, aliado à ação consciente dos pescadores e consumidores, é a chave para manter essa riqueza viva por muitas gerações.

Gostou do nosso conteúdo sobre peixes de couro do Brasil? Então deixe sua opinião nos comentários. Aproveite e siga Pescaria S/A no Facebook e fique atualizado sobre nosso conteúdo. Também estamos no Youtube com nosso Canal Pescaria S/A. Obrigado por visitar o Blog Pescaria S/A. Boa pescaria!


Fontes:

  • Ministério do Meio Ambiente (MMA) – Lista Nacional de Espécies Ameaçadas
  • Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
  • Embrapa Pesca e Aquicultura
  • IBAMA – Instruções Normativas
  • FishBase
  • Instituto de Pesca de São Paulo
  • Artigos científicos sobre ictiofauna brasileira (SciELO, Google Scholar)
  • Manual de Peixes do Brasil – Zoologia USP
  • Dados regionais de secretarias estaduais do meio ambiente (Mato Grosso, Amazonas, SC)
  • Atlas da Pesca no Brasil – CNPq, FAO, IBGE

Por favor, avalie isto