Conheça as principais espécies, sua importância econômica e riscos ambientais
O Brasil abriga uma das maiores biodiversidades aquáticas do planeta, sendo lar de dezenas de espécies de peixes de couro — um grupo de peixes predominantemente siluriformes, conhecidos por não possuírem escamas e apresentarem corpo revestido por pele lisa ou com placas ósseas. Espécies como Pintado, Jaú, Pirarara e Piraíba não só habitam as principais bacias hidrográficas do país, como também sustentam uma parte significativa da pesca artesanal, comercial e esportiva. Este guia completo apresenta as principais espécies de peixes de couro do Brasil, suas características, distribuição, métodos de pesca, status de conservação e muito mais.
A impressionante diversidade dos peixes de couro no Brasil
Os peixes de couro brasileiros pertencem principalmente à ordem Siluriformes, que conta com mais de 1.200 espécies registradas no país. Essa diversidade é resultado da complexidade hidrográfica nacional e da variedade de habitats — rios caudalosos, igarapés, estuários e até zonas costeiras marinhas. As bacias Amazônica, do São Francisco, Paraná, Paraguai e Tocantins-Araguaia são as que concentram o maior número de espécies.
Cada uma dessas espécies desempenha funções ecológicas distintas: algumas são predadores de topo, outras são detritívoras e participam da reciclagem da matéria orgânica. Essa variedade biológica torna os peixes de couro indicadores ambientais valiosos e peças-chave na manutenção do equilíbrio ecológico.
Interesse comercial e valor culinário
Muitos peixes de couro são amplamente consumidos em várias regiões do Brasil e têm importância gastronômica consolidada. Espécies como Pintado, Jundiá, Jaú e Mandi são valorizadas por sua carne branca, firme, sabor suave e baixo teor de espinhas. São ingredientes principais em moquecas, caldeiradas, grelhados e até pratos gourmet servidos em restaurantes especializados.
Além do mercado interno, o filé de Pintado e Jundiá também é exportado para países da América do Sul e Europa. Já o Bagre Amarelo, mais comum em áreas litorâneas, aparece frequentemente em pratos regionais do Norte e Nordeste, com destaque para a culinária paraense e baiana.
Importância econômica e social
Os peixes de couro têm papel econômico relevante, especialmente para comunidades ribeirinhas e pescadores artesanais. A pesca desses animais representa uma fonte de renda contínua e sustento alimentar. Em algumas regiões da Amazônia e do Pantanal, por exemplo, as capturas de Jaú e Pirarara movimentam feiras e comércios locais.
No setor de aquicultura, espécies como o Jundiá são criadas em larga escala devido à sua adaptabilidade, crescimento rápido e resistência a doenças. O cultivo dessa espécie tem fomentado o desenvolvimento econômico em estados do Sul e Sudeste, com incentivos governamentais e participação crescente no PIB do agronegócio.
Riscos ambientais e conservação
Apesar de sua abundância histórica, os peixes de couro enfrentam sérias ameaças. A sobrepesca, destruição de habitats, construção de hidrelétricas e poluição dos corpos d’água estão entre os principais fatores que colocam em risco diversas espécies. A migração reprodutiva de espécies como a Piraíba e o Pintado é interrompida por barragens, o que compromete sua reprodução natural.
O Pintado, por exemplo, já é classificado como “Vulnerável” na Lista Oficial de Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil, e sua pesca está proibida em muitos estados. A conservação de habitats e a criação de corredores ecológicos são medidas urgentes para mitigar esses impactos.
Programas de manejo sustentável e regulamentação da pesca são indispensáveis para garantir que espécies com interesse comercial possam ser exploradas sem exaurir os estoques naturais. A educação ambiental também desempenha papel vital para conscientizar pescadores e consumidores.
Principais espécies de água doce
Mandi (Pimelodus maculatus)
O Mandi é uma das espécies mais comuns de peixes de couro das águas doces brasileiras, amplamente distribuído nas bacias hidrográficas do Paraná, São Francisco, Amazonas e Paraguai. Seu corpo é pequeno a médio, com coloração amarelada, manchas marrons ou escuras espalhadas e três pares de barbilhões sensoriais na boca, que o ajudam a localizar alimento em águas turvas.
Esse peixe habita áreas de rios com fundo arenoso, barrentos ou com cascalho, especialmente locais de correnteza moderada e margens vegetadas. É considerado um peixe oportunista e onívoro, com dieta variada que inclui larvas de insetos, pequenos crustáceos, algas, detritos orgânicos e até matéria vegetal.
Na pesca, o Mandi é capturado com facilidade usando iscas naturais como minhocas, pequenos pedaços de peixe e até massas caseiras. É uma espécie muito acessível à pesca artesanal e de subsistência, por ser abundante e não exigir equipamentos complexos. Comercialmente, sua carne branca e saborosa tem aceitação razoável em mercados regionais, embora tenha menor valor agregado em comparação com espécies maiores. Não está na lista de espécies ameaçadas e possui grande resiliência ecológica, sendo também alvo de iniciativas de piscicultura em pequena escala.
Jundiá (Rhamdia quelen)
O Jundiá é uma espécie nativa do sul do Brasil e bastante presente nas bacias dos rios Uruguai e Jacuí, além de sistemas lagunares e represas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Seu corpo é de coloração cinza escura ou parda, alongado, com ventre claro e três pares de barbilhões táteis. Pode atingir até 60 cm de comprimento e pesar até 3 kg, embora a média capturada seja menor.
Esse peixe prefere ambientes lênticos, como lagoas, remansos de rios e áreas com vegetação submersa, onde encontra abrigo e alimento. Sua alimentação é onívora, mas tende ao comportamento piscívoro quando adulto, consumindo pequenos peixes, invertebrados aquáticos, larvas e matéria orgânica. É conhecido por sua rusticidade, o que o torna uma das espécies mais utilizadas na piscicultura brasileira, especialmente no sul do país.
Na pesca recreativa, o Jundiá é valorizado por sua força, apesar de não alcançar tamanhos impressionantes. Sua captura pode ser feita com varas simples, linhas médias e iscas como minhocas, pedaços de peixe, massas e até milho cozido. Comercialmente, possui carne branca, macia e com poucas espinhas, sendo bastante consumido em pratos regionais e até oferecido em feiras gastronômicas. Não consta em listas oficiais de risco de extinção, mas a destruição de habitats e a introdução de espécies exóticas em seus ecossistemas são ameaças que merecem atenção.
Jundiá Amazônico (Leiarius marmoratus)
O Jundiá Amazônico, também conhecido como “jundiá-marmorizado” ou “piratinga”, é uma das espécies de maior porte entre os peixes de couro da Amazônia, podendo ultrapassar 1 metro de comprimento e pesar mais de 30 kg. Sua aparência é inconfundível: corpo alongado, coloração acinzentada com manchas ou listras irregulares (marmorizadas) e nadadeiras robustas. Possui três pares de barbilhões sensoriais e boca ampla, com dentição adaptada à captura de presas vivas.
Essa espécie habita os grandes rios da bacia amazônica, especialmente em leitos profundos e em regiões de águas turvas. Sua biologia ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que realiza movimentos migratórios em busca de áreas para alimentação e reprodução, sobretudo durante o período chuvoso. O Jundiá Amazônico é um predador noturno, alimentando-se principalmente de peixes menores, crustáceos e insetos aquáticos.
Do ponto de vista pesqueiro, é valorizado por sua força e resistência, sendo alvo frequente da pesca esportiva na Amazônia. É capturado com anzóis grandes, linhas reforçadas e iscas naturais, como tuviras, pedaços de peixe e camarão. Sua carne tem textura firme e sabor marcante, muito apreciada na culinária regional. Não há registros de ameaça crítica à sua população, mas seu tamanho, comportamento reprodutivo e pressão de pesca exigem monitoramento constante por parte das autoridades ambientais.
Piraíba (Brachyplatystoma filamentosum)
A lendária Piraíba é o maior peixe de couro das Américas e um dos maiores peixes de água doce do planeta. É encontrada nas grandes bacias hidrográficas da Amazônia e do Orinoco, onde pode atingir até 3 metros de comprimento e pesar mais de 150 kg. Seu corpo é robusto, de coloração cinza-prateada, e possui longos barbilhões que ajudam na localização de presas. Tem nadadeiras caudais alongadas e forte musculatura, características que a tornam um dos troféus mais cobiçados da pesca esportiva continental.
A Piraíba é um predador voraz e piscívoro por excelência. Sua dieta inclui principalmente outros peixes, como curimatãs, aruanãs e tucunarés, além de pequenos mamíferos e aves aquáticas em ocasiões extremas. Essa espécie realiza grandes migrações — de até 4.000 km — durante o ciclo de vida, desde áreas de alimentação em águas brancas até locais de desova em afluentes de águas claras e frias.
Capturar uma Piraíba é um desafio para qualquer pescador esportivo. É necessário equipamento pesado, linhas de alta resistência e muita paciência. As batalhas com exemplares adultos podem durar horas. Por esse motivo, a espécie é protegida em várias regiões, com restrições severas quanto ao seu abate. No Mato Grosso, por exemplo, a pesca é proibida para garantir a sobrevivência populacional. Sua carne, embora apreciada em algumas regiões, é menos consumida do que a de espécies menores devido ao tamanho do animal, que dificulta o manejo e o transporte. Devido às suas características biológicas e pressões ambientais, a espécie requer atenção especial em programas de conservação.
Pirarara (Phractocephalus hemioliopterus)
A Pirarara é um dos peixes de couro mais emblemáticos da Amazônia. Sua aparência vibrante chama atenção: possui corpo robusto, dorso escuro, ventre claro e nadadeiras avermelhadas ou alaranjadas, o que lhe confere um visual inconfundível. Pode ultrapassar 1,2 metro de comprimento e pesar mais de 50 kg, embora em ambientes naturais os indivíduos adultos geralmente fiquem na faixa dos 30 a 40 kg. Ela é nativa das bacias dos rios Amazonas e Orinoco, preferindo áreas profundas com substratos rochosos ou arenosos.
Este peixe é um predador noturno e muito oportunista. Alimenta-se de peixes menores, crustáceos, moluscos e até restos orgânicos. Seu faro apurado e sensibilidade à vibração fazem dela uma caçadora eficiente, mesmo em águas escuras ou turvas. Durante o período de cheia dos rios amazônicos, pode invadir áreas de várzea em busca de alimento, retornando aos canais principais nas vazantes.
Na pesca esportiva, a Pirarara é uma das mais desejadas por seu tamanho, força e resistência. É comum a captura com equipamentos de alto porte, linhas grossas e iscas naturais como pequenos peixes, filés e tuviras. A luta com esse peixe exige técnica e paciência, sendo comum combates de mais de uma hora. Apesar de ser capturada em diversas modalidades, a prática de “pesque e solte” é fortemente recomendada para a conservação da espécie.
Sua carne, embora com certa quantidade de gordura, é saborosa e utilizada em moquecas, grelhados e ensopados na culinária nortista. Apesar de ainda abundante, a Pirarara enfrenta pressão da pesca predatória e perda de habitat por conta de usinas hidrelétricas. Até o momento, não é considerada ameaçada oficialmente, mas o monitoramento de suas populações é essencial.
Jaú (Zungaro zungaro)
O Jaú é uma das maiores espécies de peixes de couro do Brasil e figura como símbolo de imponência entre os siluriformes sul-americanos. Pode ultrapassar 1,5 metro de comprimento e pesar mais de 100 kg em ambientes naturais. Seu corpo é maciço, de coloração cinza-escuro com reflexos metálicos, cabeça larga e boca com dentes pequenos, adaptada para capturar presas em águas turvas. Habita preferencialmente rios profundos da Amazônia e da bacia do Tocantins-Araguaia, onde encontra tocas e cavernas submersas para se esconder.
É um predador solitário, principalmente noturno, que se alimenta de peixes menores, crustáceos e, em alguns casos, até aves aquáticas ou mamíferos que caem na água. Durante a temporada de reprodução, migra para regiões mais rasas e com maior oxigenação, embora seus padrões migratórios ainda estejam sendo estudados com maior profundidade.
Na pesca esportiva, o Jaú representa um desafio formidável. É capturado com equipamentos reforçados, anzóis grandes e iscas robustas como peixes inteiros ou pedaços grandes. A pesca de Jaús é tradicional no Pantanal e em algumas regiões da Amazônia, com muitos pescadores mantendo registros e troféus de grandes capturas. A luta com um Jaú pode durar horas, exigindo técnica, paciência e força.
Culinariamente, sua carne é considerada excelente, com textura firme e baixo teor de gordura, muito usada em grelhados, caldeiradas e fritadas. Embora não esteja listado como ameaçado, o Jaú sofre com a fragmentação de habitats provocada por barragens, poluição e assoreamento dos rios, o que pode impactar diretamente seus ciclos reprodutivos.
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans)
O Pintado é um dos peixes de couro mais conhecidos do Brasil, muito valorizado tanto na pesca comercial quanto na esportiva. Seu corpo é alongado, com coloração cinza-claro ou amarelada e manchas pretas características, o que lhe deu o nome popular. Pode atingir até 1,5 metro e pesar mais de 50 kg, embora os indivíduos mais comuns tenham entre 10 e 20 kg. Habita principalmente as bacias dos rios Paraná, São Francisco, Paraguai e Uruguai.
É um peixe carnívoro e migrador, realizando longas viagens rio acima durante a piracema para se reproduzir. Alimenta-se de peixes menores, camarões, moluscos e outros organismos aquáticos. O Pintado é sensível a alterações ambientais e sua reprodução depende de condições hidrológicas específicas, como aumento da vazão e temperatura da água.
Na pesca esportiva, o Pintado é uma das espécies mais admiradas do país. Combativo e resistente, é capturado com varas de média a alta potência, iscas naturais ou artificiais (como jig heads e soft baits), sendo bastante popular em torneios de pesca. Na pesca comercial, o Pintado tem enorme importância econômica: sua carne é nobre, branca e com poucas espinhas, muito consumida em moquecas, caldeiradas, grelhados e pratos gourmet em todo o país.
Infelizmente, devido à pesca intensiva, destruição de habitats e construção de barragens que interrompem suas rotas migratórias, o Pintado foi incluído na lista oficial de espécies ameaçadas do Brasil na categoria “Vulnerável”. A pesca de exemplares selvagens está proibida em diversas regiões, e o cultivo em piscicultura vem sendo incentivado como alternativa sustentável.
Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum)
A Cachara é uma espécie próxima do Pintado, com a principal diferença visual sendo as listras verticais bem marcadas em vez das manchas arredondadas. Seu corpo é esguio, elegante e com excelente capacidade natatória. Pode alcançar até 1,3 metro e pesar mais de 25 kg. Habita os rios das bacias Amazônica, do Orinoco e Paraná, preferindo águas com corrente moderada, margens com galhadas e áreas sombreadas.
Essa espécie é predominantemente piscívora, alimentando-se de lambaris, curimatãs, camarões de água doce e até pequenos anfíbios. Sua atividade aumenta durante o amanhecer e o anoitecer. É um peixe migrador, com comportamento reprodutivo muito similar ao do Pintado, necessitando de trechos longos de rio para completar seu ciclo.
Na pesca esportiva, a Cachara é muito procurada por sua força e vigor na linha. Sua captura exige técnica refinada, especialmente em locais com estruturas submersas, onde pode se enroscar facilmente. É bastante popular em pesqueiros e em rios como o Araguaia, Tocantins e Madeira.
Na gastronomia, sua carne é considerada de excelente qualidade — firme, com poucas espinhas e sabor suave. Assim como o Pintado, está sendo cultivada em sistemas de aquicultura como forma de atender à demanda sem pressionar os estoques naturais. Apesar de não constar como ameaçada, a Cachara sofre com os mesmos riscos ecológicos: barragens, poluição, sobrepesca e introdução de espécies exóticas.
Barbado (Pinirampus pirinampu)
O Barbado é um peixe de couro de porte médio a grande, muito comum em rios da bacia Amazônica e do Prata. Seu nome popular se deve aos longos barbilhões sensoriais, que lembram uma “barba”, usados para detectar alimento no fundo dos rios. Seu corpo é fusiforme, de coloração cinza-prateada com nuances azuladas, e pode atingir 1,2 metro de comprimento e cerca de 20 kg.
Esta espécie prefere habitats de águas profundas e correntezas moderadas, onde há substrato arenoso ou lodoso. É um peixe de comportamento gregário, que forma cardumes, especialmente durante a migração reprodutiva. Alimenta-se principalmente de peixes menores, tuviras, crustáceos e larvas aquáticas, atuando como predador intermediário nas cadeias tróficas.
O Barbado é valorizado na pesca de subsistência e artesanal, sendo capturado com redes de emalhar, tarrafas ou linhas com anzol, principalmente em regiões do Mato Grosso, Tocantins, Pará e Bolívia. Na pesca esportiva, é menos popular, mas atrai atenção em rios do Centro-Oeste por seu tamanho e combatividade. Sua carne tem boa aceitação no mercado local — branca, de textura firme e ideal para frituras e caldeiradas.
Embora ainda seja abundante em algumas regiões, o Barbado tem sofrido declínios populacionais devido à sobrepesca e à construção de barragens que afetam seus movimentos migratórios. Atualmente, não consta como ameaçado, mas já integra a lista de espécies que demandam manejo preventivo para evitar colapsos regionais.
Peixes de couro de água salgada no Brasil
Bagre Branco (Genidens barbus, G. planifrons, G. genidens)
O termo “Bagre Branco” refere-se a um grupo de espécies marinhas do gênero Genidens, distribuídas em estuários, manguezais e zonas costeiras das regiões Sudeste e Sul do Brasil. Esses peixes de couro têm coloração clara, corpo alongado, cabeça achatada e barbilhões táteis. São encontrados principalmente nos estuários dos rios São Francisco, Paraíba do Sul e no litoral do Rio Grande do Sul até Santa Catarina.
Os bagres brancos vivem em ambientes com salinidade variável, transitando entre água doce e salgada. Alimentam-se de moluscos, poliquetas, pequenos crustáceos e matéria orgânica, ajudando a manter o equilíbrio ecológico dos ambientes estuarinos. Durante a reprodução, as fêmeas realizam desovas no fundo dos estuários, onde os filhotes passam os primeiros estágios de vida.
A pesca do Bagre Branco é importante para comunidades pesqueiras artesanais, mas é uma atividade cercada de conflitos. A sobrepesca e a captura de exemplares juvenis, além da poluição das águas, impactam diretamente as populações naturais. A espécie está sujeita a moratórias em alguns estados e sua pesca é regulada por cotas, períodos de defeso e tamanho mínimo de captura.
Sua carne, apesar de gordurosa, é consumida em várias regiões costeiras, seja frita, assada ou cozida. No entanto, por vezes é subvalorizada no mercado por conta do cheiro forte de seus tecidos (característico de peixes bentônicos) e pela presença de glândulas mucosas.
Atualmente, algumas populações estão em declínio acentuado, levando à sua inclusão em listas de alerta para conservação. O monitoramento contínuo é essencial para garantir sua exploração sustentável.
Bagre Amarelo (Cathorops spixii)
O Bagre Amarelo é uma das espécies mais comuns nas zonas costeiras, estuarinas e manguezais do Norte e Nordeste do Brasil. De porte pequeno a médio, seu corpo é amarelo-dourado, com cabeça pontuda e barbilhões curtos. Pode atingir até 40 cm de comprimento, sendo muito presente em pescarias comerciais e de subsistência em estados como Pará, Maranhão, Bahia e Pernambuco.
Essa espécie é extremamente adaptável a ambientes de salinidade variável e possui dieta generalista, composta por pequenos crustáceos, poliquetas, detritos orgânicos e matéria vegetal em decomposição. Vive no fundo dos estuários, onde ajuda a reciclar nutrientes e controlar populações de pequenos invertebrados.
A pesca do Bagre Amarelo é realizada principalmente com redes de espera, arrastos e espinhéis de fundo. É uma espécie de valor médio no mercado, com carne considerada saborosa, porém gordurosa. É muito consumido pelas populações ribeirinhas e costeiras, sendo base alimentar em comunidades de baixa renda. Em algumas regiões, também é utilizado como isca para a pesca de tubarões e robalos.
Apesar de sua ampla distribuição e alta tolerância ecológica, o Bagre Amarelo enfrenta riscos devido à poluição estuarina, sobrepesca e descarte irregular de juvenis capturados como “fauna acompanhante”. Embora ainda não esteja em perigo de extinção, a ausência de políticas de manejo específicas e a degradação dos manguezais ameaçam sua sustentabilidade a longo prazo.
Tabela Comparativa
Espécie | Habitat | Porte | Ameaçado | Regiões que ocorre | Pesca esportiva |
---|---|---|---|---|---|
Mandi | Água doce | Pequeno | Não | Bacias Paraná, São Francisco, Amazonas | Pouco |
Jundiá | Água doce | Médio | Não | Sul do Brasil (SC, RS, PR) | Normal |
Jundiá Amazônico | Água doce | Grande | Não | Bacia Amazônica | Normal |
Piraíba | Água doce | Grande | Não | Bacia Amazônica | Muito |
Pirarara | Água doce | Grande | Não | Bacia Amazônica | Muito |
Jaú | Água doce | Grande | Não | Bacias Amazônica e Tocantins-Araguaia | Muito |
Pintado | Água doce | Grande | Sim | Bacias São Francisco, Paraná, Paraguai, Uruguai | Muito |
Cachara | Água doce | Grande | Não | Amazônia, Paraná, Orinoco | Muito |
Barbado | Água doce | Médio | Não | Bacias Amazônica e do Prata | Pouco |
Bagre Branco | Água salgada | Médio | Sim | Litoral Sudeste e Sul (estuários costeiros) | Pouco |
Bagre Amarelo | Água salgada | Pequeno | Não | Litoral Norte e Nordeste (zonas costeiras) | Pouco |
Conclusão
Os peixes de couro do Brasil representam não apenas uma parte crucial da biodiversidade aquática nacional, mas também um pilar da economia pesqueira e alimentar em várias regiões. Seu valor comercial, cultural e ecológico torna essencial o equilíbrio entre exploração e conservação.
Medidas como manejo sustentável, fiscalização da pesca, preservação de habitats e educação ambiental são fundamentais para proteger essas espécies que, há séculos, alimentam e sustentam milhões de brasileiros. O conhecimento detalhado de cada espécie, aliado à ação consciente dos pescadores e consumidores, é a chave para manter essa riqueza viva por muitas gerações.
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Fontes:
- Ministério do Meio Ambiente (MMA) – Lista Nacional de Espécies Ameaçadas
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
- Embrapa Pesca e Aquicultura
- IBAMA – Instruções Normativas
- FishBase
- Instituto de Pesca de São Paulo
- Artigos científicos sobre ictiofauna brasileira (SciELO, Google Scholar)
- Manual de Peixes do Brasil – Zoologia USP
- Dados regionais de secretarias estaduais do meio ambiente (Mato Grosso, Amazonas, SC)
- Atlas da Pesca no Brasil – CNPq, FAO, IBGE