Ratão-do-banhado (Myocastor coypus): tudo sobre a espécie Ainda sem avaliações.

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Um roedor gigante que compartilha os mesmos ambientes da pesca no Sul do Brasil

Quem pesca nos rios, lagos e banhados do Rio Grande do Sul já deve ter avistado um animal grande, de pelagem escura e dentes alaranjados, nadando silenciosamente ou entrando em tocas nas margens. Esse é o ratão-do-banhado (Myocastor coypus), uma espécie que chama a atenção de pescadores não só pelo seu tamanho, mas pelo impacto que pode causar no ecossistema aquático. Neste artigo, vamos explicar tudo o que os amantes da pesca precisam saber sobre esse animal: seu comportamento, onde vive, como se alimenta e como interfere nos ambientes naturais que frequentamos.


O que é o ratão-do-banhado?

O ratão-do-banhado é um roedor semiaquático nativo da América do Sul, encontrado com facilidade no território gaúcho, especialmente em regiões como a Bacia do Guaíba, Delta do Jacuí, Lagoa dos Patos e outros banhados e sangas do interior. Com corpo robusto, pode pesar até 9 quilos e medir mais de 1 metro somando corpo e cauda. Sua pelagem espessa é adaptada para o ambiente aquático, e os dentes incisivos alaranjados são usados para cortar vegetação e escavar.

Apesar de parecer inofensivo à primeira vista, o ratão tem um papel importante — e às vezes problemático — nas áreas de pesca, pois afeta diretamente a vegetação aquática, as margens dos rios e o equilíbrio das espécies nativas.


Onde vive e como se espalhou

No Rio Grande do Sul, o ratão-do-banhado encontra ambiente ideal: água doce, vegetação densa e margens lamacentas. Vive em tocas escavadas nas barrancas, que muitas vezes colapsam por conta da erosão causada por sua atividade. Essas tocas ficam em locais onde o pescador costuma lançar suas linhas ou estacionar barcos, o que pode representar risco à segurança e ao equilíbrio ambiental.

Embora seja nativo da América do Sul, o Myocastor coypus foi introduzido em outros países para criação comercial, por causa da sua pele. Escapando de criadouros, ele se tornou uma praga em regiões como Europa e Estados Unidos. No Rio Grande do Sul, a expansão foi natural, aproveitando o grande número de áreas alagadas, onde encontra alimento e abrigo com facilidade.


O que o ratão come e por que isso importa

Quem pesca em banhados ou canais estreitos já deve ter notado a vegetação aquática rasgada, buracos nas margens e até ninhos destruídos. Isso pode ser resultado direto da ação do ratão-do-banhado. Ele é um herbívoro voraz, comendo raízes, folhas e caules de plantas aquáticas, chegando a consumir até um quarto do seu peso por dia.

Esse consumo excessivo pode reduzir a quantidade de plantas importantes para a reprodução de peixes e aves aquáticas. Além disso, a escavação das margens e o trânsito constante do animal contribuem para a turbidez da água, afetando a qualidade dos pontos de pesca. O resultado é a diminuição da biodiversidade local e a alteração de habitats fundamentais para espécies de peixes nativas.


Comportamento e reprodução

O ratão-do-banhado vive em grupos familiares liderados por um macho dominante. É mais ativo no fim da tarde e à noite, horários muito comuns para pescarias de espera e varredeiras. Isso significa que, muitas vezes, pescadores podem cruzar com ele durante a prática.

As fêmeas têm uma taxa de reprodução alta. Elas podem parir de 2 a 3 vezes ao ano, com até 6 filhotes por vez, que já nascem com pelos e enxergando. Poucas horas depois, já estão nadando junto à mãe. Essa capacidade reprodutiva rápida é uma das razões para seu aumento populacional, inclusive em áreas onde o equilíbrio ambiental já é frágil.


O impacto para pescadores e ecossistemas

O aumento descontrolado do ratão-do-banhado gera prejuízos diretos e indiretos para quem vive a beira d’água. Primeiro, pela destruição da vegetação que serve de abrigo para filhotes de peixes e outros organismos aquáticos. Depois, pelas tocas que desestabilizam margens, afetando até pequenas estruturas como barragens, pontes ou áreas de acesso usadas por pescadores.

Outro ponto de atenção é que o ratão pode carregar parasitas e doenças zoonóticas, como a leptospirose, transmitida pela urina em águas contaminadas — algo que representa um risco real para quem lida com pesca em locais alagados.

Além disso, compete com outras espécies nativas, inclusive pequenos mamíferos e aves aquáticas. O desequilíbrio causado pelo excesso de ratões pode, ao longo do tempo, diminuir a variedade de peixes em certas áreas, já que toda a cadeia alimentar é afetada.


Existe controle da espécie?

No Brasil, o controle ainda é limitado. Algumas regiões estudam o manejo por meio de armadilhas e programas de controle populacional. Porém, até hoje não há uma política pública eficaz para conter o avanço da espécie, especialmente no Sul. A caça é proibida sem autorização, mesmo que o animal esteja causando dano ambiental.

Para os pescadores, o ideal é manter distância do animal, evitar contato com a água em áreas onde ele é frequente, e informar órgãos ambientais caso perceba aumento anormal de sua presença. Há também um trabalho de conscientização sendo feito por ONGs e órgãos ambientais para incentivar a proteção dos ambientes naturais e o monitoramento da fauna local.


Conclusão

O ratão-do-banhado é um animal curioso e até interessante de observar à beira de um rio ou banhado. No entanto, para o pescador do Rio Grande do Sul, ele representa um alerta: sua presença constante pode ser um sintoma de desequilíbrio ambiental.

Entender seu comportamento e impacto ajuda não apenas a preservar os melhores pontos de pesca, mas também a contribuir para a conservação dos ecossistemas aquáticos gaúchos. Por isso, vale a pena ficar atento, conhecer mais sobre essa espécie e respeitar o delicado equilíbrio entre fauna, flora e atividades humanas à beira d’água.

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