Três gigantes dos rios brasileiros que causam confusão até entre pescadores experientes
A pesca esportiva no Brasil atrai milhares de praticantes apaixonados por capturar grandes espécies de água doce. Entre os peixes mais emblemáticos dos rios brasileiros, o Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) é sem dúvida um dos mais cobiçados. No entanto, dois outros peixes que pertencem ao mesmo gênero também chamam atenção e frequentemente são confundidos com ele: o Caparari (Pseudoplatystoma tigrinum) e a Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum).
Essa semelhança visual entre os três peixes, todos da família Pimelodidae, pode enganar até mesmo os pescadores mais experientes. Por isso, entender suas características físicas, comportamento e distribuição geográfica é fundamental para uma pesca consciente, além de essencial para quem deseja diferenciar corretamente essas espécies. A seguir, explicamos de forma detalhada como identificar cada um desses bagres de grande porte e qual sua importância para o ecossistema e para a pesca no Brasil.
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans): o mais conhecido dos grandes bagres
O Pintado é um dos maiores peixes de água doce do Brasil, muito valorizado na pesca esportiva e comercial. Seu corpo é alongado, com coloração acinzentada e manchas pretas arredondadas distribuídas irregularmente. A cabeça é grande e achatada, com longos barbilhões sensoriais típicos dos bagres.
Distribui-se por diversas bacias hidrográficas brasileiras, como a do Paraná, São Francisco e Tocantins-Araguaia, podendo também ocorrer em trechos da Bacia Amazônica. Costuma habitar calhas de rios com correnteza moderada, bocas de corixos e áreas com vegetação flutuante, como aguapés e camalotes.
É um predador voraz, alimentando-se de peixes menores e invertebrados aquáticos. Seu crescimento é rápido e pode ultrapassar os 1,5 metros de comprimento. Na culinária, é extremamente apreciado, com carne de alta qualidade e poucas espinhas.
Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum): o bagre com listras marcantes
A Cachara, também chamada de Surubim em algumas regiões, é outra espécie nativa de rios sul-americanos e muito parecida com o Pintado. No entanto, suas diferenças visuais são notáveis quando observadas com atenção. A principal delas é o padrão de coloração: ao invés de manchas arredondadas, a Cachara apresenta faixas pretas verticais, bem marcadas e regulares, que se assemelham a listras de tigre.
Seu corpo também é alongado, com cabeça achatada e barbilhões longos, mas costuma ser mais esguio do que o do Pintado. A Cachara pode ser encontrada nas bacias do Amazonas, Orinoco e Tocantins, preferindo habitats como margens de rios, canais e áreas com vegetação submersa.
Embora menos pesada que o Pintado, pode ultrapassar 1 metro de comprimento e oferece uma briga intensa na pesca esportiva. Sua carne também é apreciada, embora ligeiramente mais firme. A pesca dessa espécie é regulada em diversas regiões devido à sua importância ecológica e comercial.
Caparari (Pseudoplatystoma tigrinum): o verdadeiro tigre das águas amazônicas
O Caparari é muitas vezes confundido com o Pintado e a Cachara, mas é uma espécie distinta e não é um híbrido, como frequentemente se acredita. Seu nome científico é Pseudoplatystoma tigrinum, e ele é nativo exclusivamente da Bacia Amazônica. Seu padrão corporal é o mais complexo entre os três: possui manchas e faixas pretas alongadas e sinuosas, que lembram um padrão tigrado, daí o nome da espécie.
Fisicamente, o Caparari possui corpo longo e cilíndrico, coloração acinzentada ou amarelada, e cabeça proporcionalmente grande. Habita áreas de mata inundada, canais de rios, lagos de várzea e praias fluviais, mostrando grande adaptabilidade.
É um predador oportunista e voraz, com hábitos semelhantes ao dos seus parentes. Seu porte pode atingir até 1,3 metro e seu peso pode passar de 40 kg em ambientes preservados. Na pesca esportiva, é considerado um verdadeiro troféu na Amazônia. Por sua beleza, também é procurado por aquaristas e projetos de piscicultura.
Como diferenciar corretamente Pintado, Cachara e Caparari?
Apesar das semelhanças no formato corporal, há diferenças claras entre essas espécies:
- Pintado (P. corruscans): manchas arredondadas pretas distribuídas irregularmente; coloração clara; encontrado em várias bacias brasileiras.
- Cachara (P. fasciatum): faixas verticais bem definidas, como listras; coloração mais escura; presente no Norte e Centro-Oeste.
- Caparari (P. tigrinum): padrão tigrado, com listras e manchas sinuosas; exclusivo da Bacia Amazônica.
Além do padrão de coloração, detalhes como o habitat preferido e a distribuição geográfica ajudam na identificação. O Caparari, por exemplo, nunca é encontrado fora da Amazônia, o que já é um indicativo importante.
A importância ecológica e econômica dessas espécies
Esses três peixes desempenham um papel essencial no equilíbrio dos ecossistemas fluviais. Como predadores de topo, controlam populações de outros peixes e mantêm a biodiversidade. Na economia, representam recursos importantes para comunidades ribeirinhas, pescadores profissionais e para o turismo de pesca esportiva.
Infelizmente, a pressão da pesca excessiva e a destruição dos habitats naturais colocam essas espécies em risco em diversas regiões. É fundamental que haja fiscalização efetiva, respeito ao período de defeso e incentivo à pesca esportiva com soltura (catch and release), especialmente em áreas de reprodução.
O futuro da piscicultura com espécies do gênero Pseudoplatystoma
Nos últimos anos, a criação de Pintado e seus híbridos (como Pintachara, resultado do cruzamento de Pintado com Cachara) tem crescido no Brasil. Já o Caparari, por ser mais exigente, ainda é menos comum em cativeiro, mas começa a ganhar espaço devido ao seu valor comercial.
A piscicultura sustentável pode ser uma aliada na conservação dessas espécies, desde que feita com controle genético e responsabilidade ambiental. É importante evitar a introdução de híbridos em ambientes naturais e preservar as linhagens puras das espécies nativas.
Conclusão
Pintado, Caparari e Cachara são verdadeiros símbolos das águas interiores do Brasil. Embora muito parecidos à primeira vista, cada um tem identidade própria, com padrões corporais, habitats e comportamentos distintos. Saber reconhecê-los não é apenas uma curiosidade, mas uma prática essencial para a pesca responsável e a preservação da biodiversidade.
Ao conhecer mais profundamente essas espécies, pescadores e entusiastas contribuem para o uso sustentável dos recursos naturais e valorizam a riqueza biológica dos rios brasileiros. A diferenciação correta entre esses peixes evita erros na pesca, na criação e no consumo, ajudando a proteger as populações selvagens para que continuem a fazer parte do nosso patrimônio natural.
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